Mais do que combater os efeitos do frio, o foco deve estar na promoção ativa da saúde e na valorização do envelhecimento seguro e digno.
Com a chegada do inverno de 2025, que promete ser mais rigoroso em várias regiões do Brasil, especialistas em saúde pública e geriatria alertam para a importância de reforçar os cuidados com a população idosa. As baixas temperaturas trazem uma série de riscos à saúde dos mais velhos, especialmente àqueles com doenças crônicas ou fragilidade imunológica. Segundo o Ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), o frio agrava doenças respiratórias, cardiovasculares e osteoarticulares, além de aumentar o risco de quedas e infecções.
Vulnerabilidade fisiológica dos idosos
O envelhecimento compromete diversos mecanismos fisiológicos. A capacidade do corpo de regular a temperatura interna diminui com a idade, tornando os idosos mais suscetíveis à hipotermia mesmo em ambientes que, para pessoas mais jovens, não representariam risco. Além disso, há uma diminuição da percepção térmica e da resposta vasoconstritora periférica, o que reduz a eficiência do corpo para conservar calor.
Estudos como o publicado na Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia (2021) mostram que os idosos têm até duas vezes mais chances de desenvolver complicações respiratórias durante o inverno, como gripe, pneumonia e exacerbação de doenças como DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica) e asma. O risco de internações por causas respiratórias também aumenta significativamente nessa faixa etária, especialmente em ambientes urbanos com alta concentração de poluentes.
Medidas essenciais de proteção no inverno
Para garantir um inverno mais seguro para os idosos, profissionais da saúde recomendam um conjunto de ações preventivas. Abaixo, seguem orientações detalhadas com base em diretrizes da SBGG, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Ministério da Saúde:
1. Vestuário e ambiente aquecido
- Usar roupas em camadas, preferencialmente de algodão e lã.
- Manter os ambientes fechados, porém ventilados, para evitar acúmulo de vírus e fungos.
- Utilizar meias, gorros e cachecóis em locais mais frios.
- Evitar banhos muito quentes e demorados, que ressecam a pele e aumentam risco de quedas.
2. Alimentação balanceada e hidratação
- Incluir alimentos ricos em vitamina C (laranja, acerola, kiwi) e vitamina D (ovos, peixes, leite) na dieta.
- Consumir sopas, caldos e pratos quentes que auxiliam no aquecimento corporal.
- Manter a ingestão adequada de água, mesmo sem sentir sede, pois a desidratação é comum no frio.
3. Atualização da caderneta de vacinação
- Verificar se o idoso está vacinado contra Influenza, COVID-19 (reforço), pneumonia (pneumocócica 23-valente) e outras previstas no calendário do PNI.
- A vacinação é considerada uma das principais estratégias de proteção respiratória no inverno.
4. Cuidados com doenças crônicas
- Aumentar o acompanhamento de doenças como hipertensão, diabetes e doenças cardíacas, que podem se agravar com o frio.
- Controlar rigorosamente o uso de medicamentos, que não devem ser suspensos ou ajustados sem orientação médica.
5. Atenção à saúde mental e mobilidade
- Evitar o isolamento social, que tende a aumentar no inverno e pode agravar quadros de depressão ou ansiedade.
- Estimular atividades físicas leves dentro de casa, como alongamentos, caminhadas curtas ou fisioterapia domiciliar.
- Reforçar a segurança nos ambientes para evitar quedas: tapetes antiderrapantes, iluminação adequada e apoio em escadas ou banheiros.
6. Monitoramento dos sinais de alerta
- Observar sinais de agravamento respiratório, como falta de ar, febre persistente, tosse produtiva ou confusão mental.
- Buscar atendimento médico imediato em caso de sintomas gripais mais severos.
- A importância do suporte familiar e comunitário
Além dos cuidados clínicos e domiciliares, o suporte afetivo e comunitário é essencial. A convivência com familiares, a atenção dos cuidadores e o acesso a serviços públicos de saúde e assistência social são determinantes para o bem-estar da pessoa idosa.
Em nota técnica publicada em junho de 2025, a SBGG enfatizou que:
“O inverno é um período crítico que demanda vigilância ativa por parte das redes de cuidado e atenção primária, especialmente para idosos institucionalizados ou que vivem sozinhos”.
O inverno pode representar uma ameaça à saúde dos idosos, mas com medidas preventivas bem estabelecidas e suporte familiar e institucional adequados, é possível atravessar a estação com qualidade de vida. Mais do que combater os efeitos do frio, o foco deve estar na promoção ativa da saúde e na valorização do envelhecimento seguro e digno.
Da Redação CSFM