Apesar das promessas e anúncios de redução, a Bahia continua ocupando o vergonhoso primeiro lugar no ranking de homicídios dolosos do Brasil desde 2015. Só nos primeiros meses de 2025, foram registradas 1.017 mortes violentas no estado, com uma média alarmante de 11 por dia, a maioria na capital e na Região Metropolitana. Os dados refletem o que especialistas chamam de colapso da segurança pública sob a gestão do governo estadual.
Mesmo com as tentativas de maquiar os números, a realidade nas ruas é outra. Homens continuam sendo as principais vítimas (943 casos), mas a violência também atinge mulheres (74 mortes) e famílias inteiras, que convivem diariamente com o medo e o luto. Segundo o advogado Wagner Moreira, coordenador do Ideas Assessoria Popular, a situação é consequência direta da condução política adotada pelo grupo que governa a Bahia há anos. “Assumiram a liderança da violência. Falta inteligência, sobra confronto e criminalização dos movimentos sociais”, denuncia.
As críticas também vêm do historiador Dudu Ribeiro, da Rede de Observatórios da Segurança na Bahia. Ele aponta que o tráfico de drogas, a política de encarceramento em massa e a ausência de uma estratégia focada na proteção da vida estão entre os principais fatores que alimentam a crise. “Enquanto o estado investe em guerra, as periferias enterram seus jovens e mulheres negras acumulam mais dores e responsabilidades.”
Mesmo condenada por especialistas, a atual política de segurança insiste na militarização e no confronto direto com facções, enquanto investigações e ações de inteligência seguem em segundo plano. O resultado? Crescimento da violência e fortalecimento do crime organizado, que avança nas brechas de um governo que parece ter perdido o controle da situação.
A Secretaria de Segurança Pública da Bahia divulgou dados apontando uma redução de 10,4% nas mortes violentas entre janeiro e abril de 2025, mas os números não escondem a gravidade do problema. Segundo Wagner Moreira, “a queda é insuficiente e o estado segue no topo da letalidade”. O próprio governo, pressionado por tragédias como a chacina da Gamboa e o assassinato de Mãe Bernadette, tem promovido trocas no alto escalão da segurança, um sinal claro de que a gestão atual começa a admitir, ainda que tardiamente, o fracasso da sua política.
Enquanto isso, a população continua pagando com a vida pela ineficiência e omissão do governo da Bahia.
Da redação - Vale FM