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1 28/04/2025 14:46

O governo de Jerônimo Rodrigues tem insistido em uma política de aprovação em massa de alunos, com o argumento de que a reprovação nas escolas é uma prática "autoritária" e "preconceituosa". Em um evento realizado em Feira de Santana, no dia 19 de fevereiro de 2024, o governador afirmou que "não pode ser um professor, um educador, que tenha que dizer no final do ano: 'você está reprovado'. Quando reprova, é a escola que está reprovada." Para ele, a reprovação de estudantes representa uma falha da instituição, e não do próprio aluno. Em outra declaração, afirmou que "a escola que reprova é uma escola autoritária", refletindo uma visão que desconsidera os aspectos pedagógicos essenciais da avaliação escolar.

Essa postura do governo não é apenas polêmica, mas também preocupante, principalmente quando olhamos para os dados recentes do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) e os números de evasão e desempenho no ensino médio. A Bahia ocupa a posição de pior estado no Brasil no índice de aprendizagem de língua portuguesa e matemática do ensino médio, com uma média padronizada de 4,01, um número alarmante que coloca o estado ao lado de outros com índices educacionais críticos, como Maranhão e Rio de Janeiro. Este resultado foi divulgado no relatório do IDEB 2023, que revelou a baixa qualidade do ensino médio na Bahia, ainda mais destacada pelo desempenho do estado, que obteve uma nota de 3,7, bem abaixo da meta estabelecida pelo MEC, de 4,5.

O "Pé de Meia" e a Educação Superficial

A aprovação em massa, que o governo tem incentivado, pode ser uma das razões pelas quais a taxa de evasão escolar foi reduzida. No entanto, a medida não resolve o problema central: a falta de aprendizagem efetiva. A promoção dos alunos sem que tenham demonstrado competência nas disciplinas essenciais compromete ainda mais a educação no estado. O objetivo, parece, não é garantir que o aluno aprenda de fato, mas apenas mantê-lo nas escolas, sem uma análise rigorosa do que ele de fato absorveu durante o ano letivo. Isso reflete uma gestão que prioriza números, mas ignora o principal: a educação de qualidade.

O Ensino Médio nas Cidades do Interior: Amargosa, Brejões e Mutuípe

O impacto da política educacional do governo de Jerônimo Rodrigues é visível nas cidades do interior da Bahia, como Amargosa, Brejões e Mutuípe, onde o ensino médio enfrenta sérios desafios.

Em Amargosa, por exemplo, o ensino médio apresenta um cenário preocupante. Com uma taxa de matrículas de 1.343 alunos no ensino médio, dados relativos a 2023. Apesar de o número de matrículas ser relativamente alto, os dados indicam que a qualidade da educação não acompanha esse crescimento. O número de escolas e docentes parece insuficiente para garantir um ensino de qualidade. São apenas 3 escolas de ensino médio e 113 docentes dedicados a esses estudantes, o que coloca em evidência a falta de recursos e infraestrutura adequados para atender às necessidades dos alunos. O governo estadual parece mais focado em garantir que os alunos se mantenham matriculados, sem abordar efetivamente a defasagem de aprendizado.

Em Brejões, a situação também não é muito diferente. Para o ensino médio, a cidade conta com apenas 2 escolas e 43 docentes, atendendo a 780 alunos, dados de 2023. O número reduzido de docentes no ensino médio é um reflexo da precariedade da infraestrutura educacional no município. O governo estadual não tem tomado as medidas necessárias para expandir o número de vagas, melhorar a formação dos professores e investir em metodologias de ensino mais eficazes. Isso se traduz em um ensino médio que não consegue alcançar os resultados desejados, deixando os alunos em desvantagem quando comparados a outras regiões do país.

Já em Mutuípe, o cenário é alarmante. O IDEB para os anos finais do ensino fundamental é de apenas 3,9, muito abaixo da média estadual e das metas estabelecidas para o país. Com apenas 1 escola de ensino médio e 25 docentes, o município enfrenta um grande desafio para oferecer uma educação de qualidade aos seus alunos, especialmente em um momento em que o estado deveria investir de forma mais estratégica e consistente na melhoria da educação. As 581 matrículas no ensino médio em Mutuípe refletem uma população estudantil que, apesar de se esforçar para permanecer na escola, encontra grandes dificuldades para avançar no aprendizado de forma significativa. A falta de professores, infraestrutura inadequada e a carência de recursos são fatores críticos que comprometem o desempenho dos alunos, principalmente em um contexto de desigualdade educacional como o observado nas cidades do interior.

O Grande Desafio: A Falta de Condições para a Aprendizagem de Qualidade

Como aponta o professor Roberto Sidnei Macedo, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), "não estamos criando condições em duas áreas fundamentais (português e matemática) para termos crianças bem alfabetizadas e bem preparadas." A falta de investimentos estratégicos nessas disciplinas essenciais tem sido um obstáculo para a melhoria do desempenho dos estudantes baianos. O resultado é claro: uma educação que falha em preparar os alunos para os desafios do mercado de trabalho e do ensino superior.

A Educação Não Pode Ser Apenas Sobre Aprovação, Mas Sobre Aprendizado Real

Enquanto o governo se preocupa em promover a aprovação em massa como uma medida para reduzir a reprovação e a evasão escolar, ele ignora o mais importante: a qualidade do aprendizado. A educação não pode ser medida apenas pela quantidade de alunos aprovados, mas pelo impacto real que tem na formação dos jovens.


Da redação - Vale FM







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