Com um investimento estimado em US$ 300 milhões, a iniciativa visa transformar a produção de cacau por meio de técnicas de agricultura em larga escala, aplicadas em uma área superior ao tamanho da ilha de Manhattan, em Nova Iorque, nos Estados Unidos.
O produtor rural Moisés Schmidt lidera um projeto ambicioso no oeste da Bahia, onde pretende estabelecer a maior fazenda de cacau do mundo, no município de Riachão das Neves. Com um investimento estimado em US$ 300 milhões, a iniciativa visa transformar a produção de cacau por meio de técnicas de agricultura em larga escala, aplicadas em uma área superior ao tamanho da ilha de Manhattan, em Nova Iorque, nos Estados Unidos.
A fazenda, planejada para ocupar 10.000 hectares, utilizará cacaueiros de alto rendimento, cultivados com alta densidade — cerca de 1.600 árvores por hectare, em contraste com as 300 árvores por hectare das plantações tradicionais. Essas árvores são resultado de um processo de seleção positiva iniciado por Schmidt em 2019, visando identificar e multiplicar as plantas mais produtivas. A expectativa é alcançar uma produtividade de até 4.000 kg por hectare, superando significativamente a média nacional de 500 kg/ha (quilos por hectare) e até mesmo a da Costa do Marfim, na África, principal produtora mundial.
O projeto também se destaca pelo uso de irrigação mecanizada e aplicação de fertilizantes e pesticidas, adaptando práticas comuns em culturas como soja e milho para o cultivo do cacau. A única etapa ainda não mecanizada é a colheita dos frutos. A região do Cerrado baiano, com sua topografia plana e disponibilidade hídrica, oferece condições ideais para essa abordagem inovadora.
A iniciativa de Schmidt ocorre em um momento em que a produção global de cacau enfrenta desafios, especialmente na África Ocidental, devido a doenças nas plantas, mudanças climáticas e envelhecimento das plantações. Caso bem-sucedido, o projeto poderá reposicionar o Brasil como um dos principais produtores mundiais de cacau, aproveitando a experiência agrícola do país e a disponibilidade de terras para cultivo em larga escala.
Empresas do setor, como a Barry Callebaut, já demonstraram interesse em parcerias para projetos semelhantes na região, evidenciando o potencial transformador dessa nova abordagem na produção de cacau.
Da Redação CSFM